Instrumentos (Pag. 9)


Home

Pág. anterior

Pág.1  -  Pág.2  -  Pág.3  -  Pág.4  -  Pág.5  -  Pág.6  -  Pág.7  -  Pág.8 -  Pág.9  -  Pág.10 -  Pág.11 -  Pág.12

 

Chalumeaux, Soprano

 

Otto Steinkopf é um artista conhecido por tentar manter os seus instrumentos históricos o mais fieis possível ao original antigo. Por essa razão escolhemos uma peça deste ilustre fabricante para apresentar o instrumento.

Outros conhecidos fabricantes de instrumentos de sopro que se dedicam à produção deste antigo percussor do clarinete, são os Srs. Herman Moeck, Peter van der Poel, Andreas Schöni, R. Tutz, e Guntram Wolf.

Outros como Hahl e Kunath, trabalham em adaptações mais modernas do chalumeau.

Quem se deu ao trabalho de ler as restantes páginas deste trabalho, terá já encontrado um parente mais artesanal deste ilustre aerofone, manufacturado pelo havaiano Walt Wittman.

 

De acordo com o “Museum Musicum (1732)”, de Majer, o chalumeau era construído em quatro tamanhos/registos Soprano, alto, tenor, e baixo.

É razoável pensar-se que os primeiros 3 andaríam à volta das chaves de F4, C4 e F3 (em notação científica). O baixo tería provavelmente sido em C3.

 

As provas históricas são poucas e conhecem-se poucos instrumentos originais. Por exemplo: foram encontrados dois instrumentos identificados como chalumeau, mas num registo mais grave, que parecem ser desconhecidos para Majer.

Or outro lado (ou talvez por isto mesmo), Moeck e Schöni chamam aos 3 primeiros: sopranino, soprano, e alto, e fazem outros afina dos em C3 a que chamam tenor.

O chalumeau, tal como o clarinete, tem um canal mais ou menos cilíndrico e um bocal com uma palheta simples. Esta característica faz com que este instrumento, tal como o clarinete, entre em falsete 12 tons acima, ou seja, uma oitava mais uma quinta justa (por oposição às flautas que entram em falsete com a diferença de uma oitava.

Contudo, como o chalumeau não tem um furo de mudança de registo, era habitualmente usado apenas no seu registo fundamental (uma amplitude harmónica de uma oitava mais uma quinta justa).

 O chalumeau soprano teria 8 buracos para a melodia (um ou dois com dois buracos dobrados, para produzir meios tons) para produzir as notas F4, G4, A4, Bb4, C5, D5, E5, F5, e G5 enquanto as duas chaves ampliavam o alcance para cima até A5 e Bb5.

 Os chalumeaux alto e tenor eram construídos de forma semelhante, para produzir as notas de C4 a F5 com as chaves a ampliarem desde o F3 até ao Bb4.

Dos dois instrumentos mais graves (talvez baixo e sub baixo) , um tem apenas uma chave (para controlar a nota mais baixa) enquanto que o outro tem, além das chaves de colo, chaves adicionais e buracos para mudar de tonalidade e ampliar o alcance uma quinta para baixo.

 

Existe também o Chalumeau d’Amour. Não é habitual usar-se o vocábulo italiano “d’amore” quando se fala do chalumeau (não me perguntem porquê porque não sei). Trata-se de um chalumeau soprano com uma campânula em forma de bolbo (algo semelhante ao Corne Inglês ou ao Oboé d’amore. Os únicos que se conhecem são em buxo ou madeira de uma qualquer árvore de fruto, com encaixes decorativos em corno.

O chalumeau d’amour tem três chaves: as habituais Lá’ e Sib’, mais uma chave de polegar que faz o Mi abaixo do Fá habitual.

 

Podemos dizer que os primeiros chalumeaux de formato diferenciado, surgiram no período barroco (séc.XVII), constituindo uma espécie híbrida entre as flautas e as gaitas de cana de palheta simples. Apesar de este ter sido um dos antepassados do clarinete, continuou a desenvolver-se, a par do clarinete, durante mais uns 100 anos e conhecem-se muitas peças escritas (orquestrais e de câmara) para este instrumento.

 

Contudo, pelas bandas de 1780, o clarinete tinha conquistado o lugar do chalumeau, devido à maior facilidade de execução e um melhor tempero da escala.

 

 

 

É habitual atribuir-se a criação do chalumeau e do clarinete a um tal Johann Christoph Denner, de Nuremberga, embora seja incerto o tipo de contribuição que terá realmente dado ao desenvolvimento desta gaita. Muito em particular, vários autores afirmam que o clarinete terá sido desenvolvido pelo seu filho Jacob Denner.

  

 

Dulciano

 

Esquema de vários Dulcianos no tratado Syntagma musicum por Michael Praetorius (1620).

 

O Dulciano (tradução livre do italiano Dulciana), é o ilustre antepassado renascentista do Fagote. Tal como este último, trata-se de um tubo de madeira dobrado com uma palheta dupla, ligada ao tubo de madeira por um longo tubo de metal (tudel). A câmara tubular interior é cónica e o facto de estar dobrada em dois permite chegar com os dedos aos furos mais próximos da boca do tubo.

O nome deste instrumento não é fácil de encontrar em português, mas podemos tirar umas dicas a partir do nome que lhe dão em outras línguas: “curtal”, em inglês, “dulzian” em alemão, “bassoon” em americano (sim senhor, americano não é inglês), “bajón” em castelhano, “douçaine” em francês, “dulciaan” en holandês.

 

Este foi um instrumento muito popular em toccatas religiosas e seculars entre 1550 e 1700, mas continuou a ser usado com regularidade até finais do século XIX, quando foi ultrapassado pelo Fagote e seu complexo sistema de chaves.

 

É usualmente produzido a partir de uma única peça de Ácer, com um furo cónico cujo exterior é depois aplainado até à sua forma final. Para lhe dar um som mais doce, é por vezes surdinado (há instrumentos que já são construídos assim e em que não se pode tirar a surdina), ou revestidos em pele para abafar as vibrações de menor frequência (baixos).

 

  

O Dulciano existe em vários tamanhos e variants. O mais comum é em Fá, mas há tenor (em Dó), alto (em Fá ou Sol) e soprano (em Dó). Também existem alguns baixos em Dó e contrabaixo (em Fá). Possui habitualmente duas oitavas com as notas da voz correspondente no meio.

Tal como o oboé ou a tarota, tem a palheta totalmente exposta. Como esta é bastante grande, permite ao tocador manipulá-la com os lábios (bocicular seria mais correcto porque manipular é com as mãos). Isto acrescenta maior capacidade expressiva ao instrumento.

 

Um bom artigo sobre a evolução deste instrumento até ao actual fagote, foi publicado pelo prof. HARY SCHWEIZER, e pode ler-se neste local:  http://www.haryschweizer.com.br/Textos/brevehistoria.htm

 

  

Rankett

 

Este curioso instrumento, de aspecto tão pouco vulgar, aparece pela primeira vez em inventários e em pinturas do Séc. XVI, mas o seu nome varia muito, desde Rankett a Racket, Ragget, Rogetten, etc, etc, etc.

Os primeiros instrumentos possuíam furo cilíndrico e a palheta dupla era colocada no início do tubo, no topo do instrumento. A partir do séc. XVII, começaram a utilizar um tubo mais ou menos encaracolado (tudel) para conduzir o ar até ao tubo que passou a ser cónico. Este tubo, muitas vezes entra pelo lado do instrumento, porque este possui até 10 furos interligados como um só furo e pode começar de um lado ou do meio.

 

Os furos servem para encurtar ou alongar o percurso do ar dentro do instrumento, tal como acontece num outro vulgar instrumento de palheta.

 

  

Claro que existem em vários tamanhos/registos, desde o soprano ao contra-baixo e a sua principal carcterística e vantagem é ser muito compacto. Se esticássemos o tubo contido dentro deste cilindro de madeira, o instrumento ficaria comprido demais e seria muito mau ou impossível de tocar com todas as notas.

A desvantagem é que os furos não se encontram a subir ou a descer em concordância com o tom, mas sim num padrão aparentemente ilógico. Isto faz com que o músico tenha de usar mais raciocínio e menos intuição. A digitação é bastante estranha.

 

Outra coisa aborrecida é o facto de a condensação e saliva do tocador se acumular no sifão formado pelo furo em zig-zag. Isso faz com que seja preciso parar com frequência para sacudir o instrumento de forma a tirar a água dos tubos.

   

Para os finais do séc. XVII, um tal J.C.Denner, de Nuremberga, melhorou a digitação do instrumento acrescentando pequenos tubos salientes na saída de alguns furos (tetinas), permitindo assim que se trabalhasse nesses furos com as falanginhas dos dedos, tornando-o assim mais fácil de tocar numa escala muito mais longa.

 

Em termos sonoros, é um instrumento interessante para tocar o repertório renascentista ou barroco, junto com flautas, violas da gamba e com outros cordofones. Tem um baixo muito suave e agudos doces. O som do instrumento sozinho é muito bonito e suave. Não há geralmente vantagem sonora em tocar vários Ranketts juntos.

 

 

Pág. anterior

Próxima pág.

Página inicial

 

Home

 Esta página não tem copyright nem pôrra que se pareça. Os
direitos de autor encontram-se protegidos conforme o disposto nos artigos 11º e 12º do Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos (CDADC)
Última actualização: 23/12/23.

por respeito para com os nossos queridos leitores, este local cibernético encontra-se integralmente redigido em Português clássico.