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Exposição de instrumentos
musicais:
Aqui por debaixo, vamos mostrar e dar algumas informações básicas
sobre os instrumentos musicais mais usados na música tradicional.

Estes instrumentos foram fotografados numa exposição levada ao
público em Cesar, Oliveira de Azemeis, entre 26 de Maio e 3 de junho de 2007.

Podemos começar pela apresentação dos Idiofones, Instrumentos
de percussão, cujo som é dado pela vibração do corpo do instrumento. Claro que
podemos dizer que todos os instrumentos são assim, mas no caso dos idiofones, o
som é produzido pelo corpo inteiro do instrumento.
Para uma visão de pormenor, clique nas imagens.
Exemplos
disso são os que aqui vemos: Cabaça com Pauzinhos, Carcabebas marroquinas,
Triângulo, Cana Rachada, Berimbau de Cabaça ou Kalimba africana, Berimbau de
Beiços, Caixinhas chinesas, Baquetas, Xilofones, Castanholas, Espanta Diabos,
Conchas, Tréculas, Recos, Tracanholas, Pandeireta, e outros.

Os
idiofones de membrana, também chamados Membranofones, partilham desta
característica embora tenham já um elemento que produz a maior parte do som: a
Membrana (quase sempre de pele).
Destes outros podemos mencionar: Bombo, Darbuka, Tambor de
Rufo, Caixa de Guerra, Adufe, Sarronca, etc, para aceder à pàgina dos
membranofones, clique aqui.


Neste momento achámos exagerado incluir fotografias
individuais das várias dezenas de idiofones em exposição porque se tornaria
maçador.
Estiveram em exposição alguns bombos e tambores de influência àrabe como a
Darbuka (da Turquia), a Pandeireta Egípcia, os Bongos de porcelana
(Marroquinos), o Surdo (de pele crua), bem como membranofones mais nossos
conhecidos como a Sarronca, o Adufe, o Pandeiro, e os vários tambores.


Uma colecção de Gaitas de Beiços e seu suporte, colocada entre
os idiofones, por falta de espaço, não é um Idiofone, mas sim um Aerofone de
palhetas.
Lamentamos se isto causar alguma confusão, mas numa exposição
de 14 dezenas de instrumentos, estes defeitos são desculpáveis quando não
inevitáveis.
Seguem-se algumas vistas de conjunto que podem dar outra perspectiva para
quem quiser perceber melhor o formato de algum instrumento em exposição:
   
OS CORDOFONES
Segue-se
a grande, GRANDE família dos cordofones: instrumentos em que o som é produzido
pela vibração de cordas que podem ser dedilhadas, beliscadas, harpejadas,
friccionadas, mas não percutidas (como o piano). Um piano, um címbalo húngaro,
ou um dulcimer de martelos são instrumentos de percussão.
Destes destacamos algumas peças muito especiais, que veremos
adiante como: A Sanfona, a Cítara, o Alaúde, a família dos Bandolins e alguns
instrumentos de aspecto medieval, construídos por artesãos de Cesar (os irmãos
Lima).

A Sanfona é um instrumento de corda friccionada. Para mais
detalhes consulte a página de referência. Ao se u
lado está um aerofone de palheta dupla, o Shawn.
Encontra-se aqui por se tratar de um instrumento também
muito antigo. As origens destes dois instrumentos e da Cítara (ao seu lado)
remontam a c oisa
de uns mil anos atrás.


Com uma idade muito parecida, temos o prezer de apresentar um
ilustre senhor: o Alaúde M edieval.
Não confundir com o alaúde marroquino ou com os alaúdes turcos muito populares
entre nós, mas de características bem diferentes. Este é o modelo medieval.
Simples e belo.

Também de carácter antigo, podemos ver um violino barroco e um
seu antecessor, este último construído pelo autor
destas linhas, retirado de uma gravura de uma rabeca
pré-barroca, mas com proporções, cordas e afinação
de um violino de 4/4 moderno. O arco, contudo, é uma arco de
inspiração medievo-renascentista, nada tendo que ver com o moderno arco de
Tourté.
Também
visível na imagem da direita, uma Pochette (violino de bolso, de caixa estreita,
manufacturado por "moi" com restos de madeira de lenha).

Como curiosidade, podemos ver um conjunto de violinos actuais
incluindo tamanhos de aprendizagem (1/4, 2/4, 3/4) e
respectivos arcos. Os arcos são modelo "Tourté" e os
violinos são todos modelo "Stradivarius".
Todos estes violinos são fabricados em série na China e na
Coreia do Sul excepto o violino de concerto que foi
manufacturado na Roménia no início do séc XX.
A FAMÍLIA DOS BANDOLINS

Esta é uma família particularmente bem representada nesta
exposição.
Lembramos que podem ver as imagens em tamanho grande se
clicarem nas ditas.



Há 3 elementos principais nesta família: o Bandolim, a Bandola
e o Bandoloncelo.
E cá os vemos todos, incluindo alguns parentes "tortos"
que são estes bandoloncelos com a cabeça angular ao jeito
medieval e que foram construídos pelos irmãos Lima para o grupo de
música medieval Hai-Luz, de que
também fazem parte.


Também podemos apreciar na imagem precedente, uma Bandola com
corpo evocativamente medieval e braço angular (a da
direita), tendo à sua esquerda o correspondente
instrumento com dimensões, escala, afinação e cordas da Viola Braguesa.

Este senhor de aspecto normal é o Bandoloncelo de concerto,
com cabeça de carrilhão e sem fantasias arcaicas.
Também presentes nesta ilustre reunião, encontramos os banjos
(vejam-se dois belos exemplares pendurados nesta armação). Por baixo destes jaz
uma Braguesa Requinta.
 
Como curiosidade, apresentamos um instrumento feito de aparas
de madeira velha (vulgo LENHA), principalmente madeira de caixas de fruta e
fundos de paletes, com formato de Banjo (embora com o tampo em madeira).
AS VIOLAS TRADICIONAIS
As
violas tradicionais portuguesas são muitas e variadas. A nossa música
tradicional é muito baseada nestes ilustres cordofones, dos quais se puderam
apreciar algumas dezenas, nesta exposição.
Desde as violas mais simples como esta peça antiga à esquerda,
passando por Braguesas feitas á
mão
e à medida pelos irmãos Lima (como o exemplar da direita), podemos ver uma gama
muito interessante.
Uma braguesa de luxo, com a sua cabeça de leque, à esquerda,
bem como a Viola Campaniça,
de enfranque acentuado, natural da planície alentejana,
como a que podemos ver à direita, pendurada no expositor,
por sobre uma antiga viola construída pelo pai do conhecido violeiro Domingos
Martins Machado, de Tebosa, Braga.
Claro
que não podemos esquecer as Guitarras de fado.
Desta família podemos apreciar uma Guitarra de senhora, do
Porto (instrumento herdado por "moi", de minha
ilustre tetravó, "ti Carolina dos pentes", que já a teria herdado de alguém,
pois que nem sabia tocá-la, nem tinha dinheiro para comprar-lhe as 10 cordas que
lhe faltavam).
Por baixo desta, uma Guitarra de Coimbra, com uma história
muito mais curta, mas também seguramente assaz agitada.



Eis aqui um lote de bonitos cordofones para que se possa
compreender o quão variada é esta família instrumental.
A ILUSTRE FAMÍLIA DOS CAVAQUINHOS
Cavaquinhos
que nada têm que ver com a família de Boliqueime que nos abastece igualmente bem
de gasolina como de música.
Desta
ilustre família temos uma exposição de grande quantidade de primos, primas,
irmãos,
pais, filhos e avós. Sem grande preocupação com a sua genealogia (que será tema
para outra obra muito mais
detalhada) aqui deixamos alguns elementos para deleitar as
vistas de ilustre visitante. 
Dispostos em fila ordeira, podemos ver, por ordem analfabética,
cavaquinhos de
cabeça de carrilhão, cabeça de leque, braço elevado (como
o cavaquinho de Lisboa), de boca redonda ou de boca de
raia, com ou sem meio tampo em pau santo, construídos com madeiras diversas e
exibindo umas 3 ou 4 diferentes afinações. Destacamos o
Cavaquinho Brasileiro, à esquerda na imagem precedente.

Destacamos também o nosso mui ilustre irmão madeirense, o
Rajão, que podemos apreciar entre dois dos seus parentes minhotos.
S.EXA. A GUITARRA CLÁSSICA

Para acabar de vez com essa mania das
hierarquias, vamos aqui deixar um ponto bem claro: S. Exa. Sereníssima a
Guitarra clássica francesa, tem origens muito mais modestas e com elas, uma
família de plebeus vastíssima.
Assim cumpre-nos apresentar por cá, alguns dos mais populares.
Para começar, eis à direita a Guitarra Espanhola. à
esquerda, em cima, podemos ver uma guitarra popular, com um tamanho
semelhante
à Viola Braguesa e que pode afinar-se uma terceira acima da clássica.
Aqui à esquerda, agora sim, encontra-se S.Alteza Sereníssima,
por detrás de vetusto cordão de resguardo de suas vestes delicadas.
Não obstante este ilustre status, podemos ver à direita, sua
prima boémia de noites em bares de reputação duvidosa: a Viola de Folk. Parente
de costumes
permissivos,
acompanhado de tripé, amplificador, mesa de mistura e outros adereços mais
próprios do burlesco das casas de passe que dos imensos espaços dos teatros
vitorianos.
E para rematar o deboche, eis que se apresenta um curioso
parente: a Viola
Mokka.
Instrumento de bailaricos de rua e cantigas ao desafio. Feita com as
tradicionais tábuas de caixas de fruta e pedaços de lenha comprados a 50 Euros
por metro cúbico, por um artesão de reputação indisciplinada e de ideias pouco
assentes.

Para piorar a coisa, eis que nos chega das oficinas de
electricidade anglo-saxónicas, a mais avantajada parente desta nobre família: a
viola-baixo eléctrica.
Desregrada senhora de voz cava e profunda, de grossas orelhas
e fartos cabelos, sofre de obesidade congénita e exige uma força invulgar para
fazê-la cantar. Nem chegamos a perceber para que é eléctrica.
FALARAM DE APITOS???
Pois se falaram, boas razões vos assistem. Isto porque, mais
uma vez nos dignamos apresentar uma colecção com algumas dezenas dos aerofones
mais emblemáticos da música tradicional.
Excepção feita para o Trompete que raramente se utiliza na
música tradicional, todos os outros são presença costante nas nossas bandas
caseiras e regionais: Flautas de madeira, flautas de cana, flautas de lata (tin
whistles), flautas de barro, flautas de Pan, flautas transversais e flautas de
Biesel, flautas pastoris, flautas andinas, flautas tibetanas. Das mais raras,
podemos ver a ocarina (paparolo), o passarinho de barro, a gaita de amolador, o
Kazoo e a buzina de carruagem.
Uma
curiosidade é a corneta de lata, usada em tempos remotos como sinal para as mais
diversas ocorrências. Por exemplo: para anunciar a chegada do azeiteiro, a
partida dos comboios, a passagem do carteiro e também (como no caso aqui
presente) anunciar que iam rebentar uma carga de dinamite na abertura de uma
estrada, ponte, ou caminho de ferro.
Claro que também temos um conjunto de gaitas de beiços (vulgo
harmónicas) desde as diatónicas (de blues) à cromática,
passando pela minúscula harmónica de porta-chaves com uma oitava só. Nas mais
ilustres, temos a flauta de concerto em prata.
E OS FOLES ??? HÁ FOLES ?
Era bonito se nos esquecíamos dos foles. Além da moderna concertina de 3
carreiras que não foi foto grafada
porque se encontrava à entrada, junta com o bombo de 95cm a servir de ex-libris
da exposição, havia por cá mais uma dúzia de interessantes aerofones auxiliados
por fole.
Uma
concertina com a vetusta idade de 60 anos ( a concertina do nosso folclore dos
anos 40), acompanhada por um acordeão de teclas muito mais
moderno e ainda gozando da companhia de uma concertina vinda directamente da
China, na extrema direita (falamos, claro está, da concertina).


Outro vistoso elemento aqui presente foi a concertina
argentina. O instrumento de eleição dos tangos e Chamamés argentinos. Músicas
populares de grande riqueza harmónica para o que muito contribuem estes
complexos instrumentos de fole e palhetas metálicas, com uma complexidade de
teclado muito para além da compreensão dos nossos limitados intelectos.
Esta
é uma peça com bem mais de cem anos, ainda com todos os
elementos originais, incluindo o veludo bordado em que o tocador pousa a
concertina sobre o joelho levantado. Quem não se lembra do saudoso Astor
Piazzola, o génio do tango que sabia ler e escrever tão bem quanto eu sei tocar
nesta concertina.

Não convém deixar passar de lado a gaita-de-foles marcial
escocesa que vemos aos pés da nossa amiga gaúcha. Natural de terras mais
setentrionais, uma gaita de foles em Si bemol, com três roncos (drones).
Lá diz o ditado galego: A MULHER DO GAITEIRO TIENE FORTUNA.
PORQUE TEM DUAS GAITAS E OUTRAS, NINGUNA.


Importada directamente da Galiza: uma gaita de ébano com
ronco+ronqueta e fole genuíno feito com a pele de um cabrito virado do avesso.
Vinda directamente de terras de riba Douro, uma gaita em buxo,
em Si bemol (modelo transmontano actual) acompanhada por uma ponteira em Dó
natural.


Para além dos instrumentos do Avô Mokka, estiveram presentes
instrumentos de: Victor Sismeiro, Kim, Zeca, Delfim, JP, Manel Oliveira,
Augusto, Manel Lima, Zé Lima, Costa Gomes, Mokkiña, bem como os xailes da madame
Mokka. O recinto e os estenderetes foram disponibilizados pela associação Villa
Cesari. A animação esteve a cargo dos grupos: "Hai-Luz", "PURX'IM" e "Esgota
Pipas" bem como pelos músicos independentes Avô Mokka e Augusto.
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