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Vernizes
Por que é que os violinos não são
envernizados por dentro?
A pergunta revela uma lógica
invertida do pensamento. Se pensarmos do início para o fim, a dúvida mantém-se,
mas a pergunta fica totalmente diferente:
-Por que são os violinos,
envernizados por fora?
E essa é uma explicação muito mais
longa.
Os primeiros instrumentos não eram
envernizados, como podemos entender facilmente.
Esta kalimba africana (reprodução
de um instrumento antiquíssimo), só está envernizado porque eu quis
dar-lhe mais alguma resistência ao uso.
A goma-laca é um material
bastante antigo, mas instrumentos de corda, como os violinos e o alaúde, são
ainda mais antigos.
Nos dias de hoje, muitos
instrumentos de cordas ainda mantêm o tampo harmónico sem qualquer tipo de laca
ou verniz. A razão pela qual os instrumentos de madeira começaram a usar laca do
lado de fora foi para proteção e conserva.
Um copo de vinho pode facilmente
danificar um instrumento caro. Um pouco de chuva pode fazer com que a madeira
empene, ou até estale, principalmente nas juntas de colagem.
A descoloração da madeira não pode
ser facilmente lavada sem a prejudicar e um tampo não envernizado/lacado
rapidamente começará a desgastar-se devido à fricção das unhas, se o instrumento
for usado para ritmo, por exemplo. Tenho experiência disso, pois uso muitos
instrumentos de cordas com tampo não envernizados.
Por essas razões, os luthiers
começaram a usar laca na parte externa dos instrumentos.
Na imitação que fiz de um alaúde (na realidade é
uma guitarra de 12 cordas), fig. acima, usei tão pouca goma-laca que parece não
ter nenhuma.
Primeiro apenas na parte de trás
do braço, nas costas e nas laterais da caixa de ressonância. Isso foi bom porque
evitou que o calor / humidade / frio do ambiente causasse empenos, flexões e
quebras de cola na estrutura. Ao não usar laca no tampo harmónico, isso não
interferiu quase nada na qualidade do som.
Posteriormente, em
instrumentos caros, os luthiers começaram a usar uma camada muito fina de
goma-laca no tampo harmónico e descobriram que: se a camada é muito, muito fina,
não causa uma perda perceptível na qualidade do som, ao mesmo tempo em que
melhora a resistência de o instrumento muito.
Isso tornou-se importante, pois um
instrumento rompido também perde qualidade sonora. Daí que se tenha tornado útil
e costumeiro, dar uma fina camada de laca no tampo harmónico. Sempre por fora
porque por dentro a caixa não é facilmente afectada pelos elementos acima
referidos.
Por isso o envernizamento da parte
interna do instrumento nunca foi considerado, já que essa não precisa dessa
proteção.
O envernizamento com alto brilho
usado nos instrumentos produzidos industrialmente é apenas para o aspecto (o bom
gosto não está em discussão aqui).

Eu mesmo construí alguns instrumentos com alto
brilho, como este aqui à direita. e a pochete, aqui à esquerda.
O brilho intenso não ajuda a
produzir um som agradável. Na verdade, ele substitui a reverberação da madeira
pela reverberação do poliuretano. Mas isso não é importante em termos de
negócio. Muitos instrumentos carregam muitas decorações que realmente pioram o
som, mas ajudam a vender. E um bom intérprete sabe que quando ele sobe ao palco,
é melhor usar um instrumento chamativo (relegando a qualidade pare um segundo
plano, muotas vezes).
Microfones, processamento de
efeitos de amplificadores, mudam o som natural muito mais do que as decorações
do violão (ou do violino).
E os bons luthiers continuam a
usar a “camada muito fina de laca de goma-laca” nos seus violinos, bem como
noutros refinados instrumentos de madeira feitos à mão.
Um violino Stradivari, por
exemplo, tem uma camada tão fina de laca que até parece que não tem verniz
algum.
Gourmet
Gourmet,

Percebo uma curiosidade na
evolução do mundo tecnológico e tecnocrático. Sabemos que as sociedades não
evoluem sempre na mesma direcção. Nos tempos que correm, assistimos a uma
evolução que mudou de direcção e isso parece-nos estranho.
Até há uns 50 anos atrás, a
sociedade evoluía em função do desenvolvimento económico dos países, muito em
função da riqueza das populações, o que lhes permitia ter acesso a informação e
por isso eram “geralmente” mais cultas quanto mais abastadas. Foi sendo assim
durante uns 400 anos.
Agora entra um novo fenómeno em
campo: o excesso de informação.
A informação é tão barata que toda
a gente vai aos jornais, televisão e à “net” e encontra de TUDO.
Esquecemos muitas vezes que,
como qualquer chouriço coloca aí informação, a tendência é que a maioria da
informação seja incorrecta, irresponsável, irracional, infundada (muito à
semelhança de quem lá a coloca).
Esquecemos muito que os idiotas
agora vestem elegantemente e que as peixeiras, lavadeiras, gaspeadeiras, vão ao
salão de estética, são lindíssimas e indistintas de uma qualquer intelectual.
Muitas delas são locutoras de TV e têm os seus próprios “talk shows” (em
português: programas da treta), ganham bastante dinheiro e têm muito melhor
aspecto que as (poucas) princesas que ainda existem.
Daí que toda a mesquinhice,
estupidez, subserviência, bestialidade, cegueira mental, etc. nos entre pela
porta dentro porque nós estamos habituados a fugir dos mal-parecidos (tipo
Agostinho da Silva) e acolhermos “bibelots” bem enfeitados (tipo Shakira).
Não estou aqui a julgar ninguém
nem pretendo ser pejorativo. Todos têm o seu valor próprio. O nosso instinto é
que nos desorienta na escolha que, por vezes, fazemos.
O fenómeno “gourmet” alimenta-se
desse defeito de julgamento.
Na verdade, ao lado de excelentes
"chefes de cozinha" (estou a lembrar-me do nosso amigo António Cavaco, da TV
Açores, ou do ), aparecem muitos “chefs” na televisão (principalmente nos canais
americanos, não sei porquê), que não fazem muita diferença de um qualquer
mixordeiro de uma caserna militar de 1914, para além da farda e o trem de
cozinha. E talvez com desvantagem para o “chef” que não possui a educação
elementar do cozinheiro de 1914.
No dia em que o Mestre Lindolfo,
colocar uma colher de chá das suas “Papas de S. Miguel”, ou do seu “Pernil de
Porco”, ou dos seus “Jaquinzinhos”, “Sapateira Recheada”, “Arroz de Cabidela”,
do seu “Galo com Batatinhas assadas” ou as suas “Fitas de Carpinteiro”, no meio
de um prato de 60cm de diâmetro com um fio de azeite do Continente: aí, cuidado.
O mundo estará perdido.

Mas enquanto ele e outros
continuarem a servir a comida, de dentro da panela para o prato do cliente, com
a elegância natural de quem sabe o que faz e sem se preocupar com o
“politicamente correcto”, por um preço normal (ainda por cima)… – Aí, percebemos
que, como sempre, temos apenas de ter algum cuidado extra para escolher entre o
bom e o fraco.
Como tal, a situação é ridícula,
mas não é grave.
Considerações
O que poderia
ser chamado de música má?
Obviamente, “má”
não é a melhor definição, porque seria muito difícil (se de todo possível) para
a música produzir algo mau. O que geralmente queremos dizer é "má qualidade". E
aí podemos ter que fazer uma distinção de qualidade independente do gosto
pessoal.
Na maioria das
vezes, podemos fazer distinções muito bem definidas entre boa e má qualidade
quando se trata de uma obra de arte.
É claro que há
exceções, mas mais no nível em que o marketing e a publicidade assumem o
controlo. Apreciadores de arte sérios não são movidos pela popularidade.
Portanto,
devemos concluir que, de facto, existe música de má qualidade. E existe em todos
os lugares e é muito popular e geralmente bem aceite. Isto é comum a todas as
formas de arte, não apenas à música, evidentemente.
Chamar a uma
pedra ao alto de "escultura" é disparate e todos o reconhecem. Mesmo que o
artista seja um escultor reconhecido e tenha uma intenção muito profunda de nos
dizer algo, o facto é que uma pedra ao alto é comum, existe por toda parte sem
intervenção humana e não nos diz nada além do que nos diz qualquer outra pedra
ao alto.
Como tal, ao ser
classificada como obra de arte, constitui-se como uma obra de arte de má
qualidade.
Do mesmo modo,
uma peça musical que contém os “clichês” habituais, sem nada de novo, ou uma
peça musical criada por um programa de computador, não vale nada. Qualquer um
pode fazer isso a qualquer momento, mesmo sem qualquer conhecimento musical.
Posso provar
isso? -Sim. Eu já fiz. Compus e gravei um CD completo, no meu horário de almoço,
misturando amostras escolhidas aleatoriamente pelo meu filho de 6 anos, usando
um aplicativo freeware em Windows95. Parece o mesmo que qualquer outro hit de
Nova York daquela época, ou até mesmo dos nossos dias.
A música para as
massas precisa de ser assim: fácil, relaxada, com uma batida forte (quase no
mesmo ritmo que o coração bate numa festa na discoteca) e acompanhada de
elementos visuais (o show). O público está ansioso para esquecer a monotonia de
um dia de trabalho e aspira por um bocado de lazer sem nada criativo para fazer.
O público está
na maioria das vezes sob a leve (às vezes mais pesada que outras) influência de
drogas ou bebidas (ou tentando sentir-se como se estivesse) e como tal, não quer
ter de pensar. A multidão festiva visa alcançar uma abençoada paralisia
cerebral.
Este género
música precisa de ser automático, para não despertar sentimentos fortes.
E é da maior
importância que o artista (geralmente identificado incorretamente como "o
autor") e as pessoas ao seu redor sejam chamativas, geralmente aceites como
génios excêntricos por seus pares, a fim de validar a apreciação da multidão.
Afinal, não há problema em ser medíocre, desde que todos os outros se comportem
como medíocres.
Muitas vezes nem
é preciso música. É perfeitamente suficiente que o artista se mostre com roupas
ridículas, de preferência parecendo semi-alienado, sem inteligência (muito
importante), mostrando ser muito rico e de mentalidade pouco activa. É um
sucesso sem necessidade de música.
Mas o facto é
que o fenómeno descrito acima não é arte (nem nada parecido). É mais próximo de
um fenómeno desportivo, no máximo. Então, se se trata de uma obra musical, é
música de má qualidade.

Nota de rodapé:
usei o exemplo da atual tendência musical de massas em Nova York, mas o mesmo
acontece em todos os lugares e sempre aconteceu (não há nada de novo nisso). Eu
escolhi apenas este exemplo porque provavelmente é mais fácil de identificar
pelo leitor.
Violoncelo de
António Stradivari
Origem / Historial: O
'Chevillard-Rei de Portugal' trata-se de uma das joias da coroa do espólio do
Museu Nacional da Música, pertenceu ao Rei D. Luís I (1838-1889) e é o único
instrumento em Portugal com a assinatura do construtor António Stradivari
(1644-1737).
Este instrumento
pertenceu ao violoncelista belga Pierre Chevillard (1811-1877), que manteve o
instrumento musical até à sua morte. Pouco tempo depois e por intermédio da
família de construtores Vuillame, o violoncelo passou para as mãos do monarca
português.
Foi cedido ao
Conservatório Nacional, por decreto de 5 de Agosto de 1937. Descrição: Cordofone
com cavalete, com braço, friccionado com arco, quatro cordas, quatro cravelhas e
aberturas acústicas em f, forma B.
Possui um tampo de
duas metades em pinho de Flandres de veio largo; costilhas e costas de duas
metades em ácer; filete duplo; cabeça em voluta de outro stradivarius.
O 'Chevillard-Rei de
Portugal' tem a famosa forma B, utilizada por Stradivari durante o período de
ouro do mestre italiano. Stradivari tinha 81 anos quando construiu este
instrumento.

Violoncelo de António
Stradivari (1644 - 1737) Cremona, Itália, 1725
Pinho de Flandres,
ácer
Proveniência: Paços
Reais Museu Nacional da Música, Lisboa, inv. nº MM 47
Autor: Stradivari,
António
Local de Execução:
Itália- Cremona
Centro de Fabrico:
Itália
Oficina / Fabricante:
Cremona
Data: 1725 d.C.
Materiais: Pinho de
Flandres, Ácer, ébano, metal
Dimensões (cm):
altura: a=123; largura: l1=336;l2=233;l3=438; comprimento: C=1222;c=756;
PERGUNTAS
CURIOSAS
Podemos trocar
as cordas numa guitarra para tocar à canhota?
Não é
assim tão simples, num guitarra folk.
Se
falarmos de uma guitarra clássica, o corpo, o entalhe e a ponte são quase
simétricos, portanto, não compromete muito.
E se não
é uma guitarra de alta qualidade, é mesmo simétrica e pode-se mudar da direita
para a esquerda sem problemas evidentes. Mais detalhes em: Artigos (aqui no menu
da esquerda),
Mas numa
guitarra de folk é uma questão muito diferente.

Uma
guitarra de folk não é simétrica no interior da caixa (até esquecendo o chamado
“cutaway”). Como a guitarra suporta muita tensão (proveniente das cordas de aço
ou latão), os reforços dentro do corpo são diferentes de um lado e do outro. Ao
trocar a posição das cordas, vai comprometer o som e a integridade do
instrumento.
Se o
leitor aprendeu a tocar guitarra da maneira errada, é melhor comprar uma
guitarra feita de propósito para canhotos, se puder. Se você é canhoto e ainda
não começou a aprender, não aprenda da maneira errada.
É um
equívoco pensar que tocar guitarra tem alguma coisa que ver com o facto de ser
canhoto ou destro a escrever. Não tem.
A gente
escreve com uma mão apenas, mas tocamos com as duas mãos. E ninguém nunca
descobriu qual é a mão que precisa ser mais hábil (a habilidade é igualmente
necessária em ambas as mãos). Não importa se você é destro ou canhoto.
Muitos
pianistas são canhotos. Muitos violinistas são canhotos. Muitos tocadores de
trompete, gaita-de-foles ou flauta são canhotos. E não vemos nenhum teclado de
piano invertido, gaita-de-foles invertida, flauta ou violino invertidos.
Se você
é canhoto, conduz o mesmo carro que um destro e não se atrapalha com isso.
Metade do mundo conduz automóvel com o volante à direita e o acelerador à
direita também e os destros não se atrapalham nada com isso, nem os canhotos.
Só faz
sentido definir a mão esquerda ou direita para as coisas que se fazem com apenas
uma mão. Então você usa a mão que lhe dá mais jeito. Nas coisas em que você usa
as duas mãos, é sempre melhor aprender da maneira como foram construídas para
serem usadas.
Será
sempre mais fácil.
A FÍSICA DO SOM
As ondas sonoras interferem ativamente com outras ondas
sonoras ou isso é apenas uma diferença na percepção?
Geralmente pensamos nas ondas sonoras como uma onda muito limpa com uma
frequência, etc, etc, etc.
Pensamos o mesmo com as ondas eletromagnéticas: pensamos numa onda de luz com
uma dada frequência e amplitude.
Nenhum deles é assim. Na natureza, tanto o som quanto a luz, são uma mistura de
milhares de comprimentos de onda e amplitudes, todos entrelaçados.
Som
e luz são coisas totalmente diferentes, mas como ambos são a medida da oscilação
em um campo, podemos usar uma matemática muito semelhante para operar com ambos.
Por exemplo: de todas
estas muito complexas vibrações, cujo gráfico aparece na imagem da esquerda, vão
ser misturadas num único feixe de som. Estas vibrações não vão transformar-se
numa só. Elas vão-se misturar e coexistir no feixe sonoro resultante.
Esse feixe sonoro
será ainda mais complexo e não conterá uma frequência e uma amplitude, Conterá
biliões delas. E o nosso ouvido vai encontrá-las todas. E o nosso cérebro vai
entender a concordância entre elas (harmonia) e vamos perceber uma sequência de
frequências dominante a que chamaremos as notas de música, os acordes, as
progressões e a tonalidade.
Somos
sempre atingidos por uma infinidade de ondas diferentes e percebemos uma
composição de milhares de ondas ao mesmo tempo como sendo uma. E elas interferem
umas com as outras, de maneira muito matemática, resultando num comprimento de
onda "dominante" que é o que nós podemos identificar.
Exemplo: um Lá (identificado habitualmente por ser uma oscilação de 440Hz)
tocado em um piano é composto por milhares de oscilações nas quais a maioria são
múltiplos de 440Hz e muitas outras. Essas oscilações juntas resultam na
percepção de uma oscilação dominante de 440Hz.
Se
o Lá for de um violino, também identificado habitualmente por ser uma oscilação
de 440Hz, também é composto por milhares de oscilações nas quais a maioria são
múltiplos de 440Hz e muitas outras. Também resultam na percepção de uma
oscilação dominante de 440Hz. Mas trata-se de um som completamente diferente
(visto que se trata de uma diferente mistura de ondas que interferem de maneira
diferente embora com o mesmo resultado tonal).
Conclusão: SIM, todas as ondas (medida da oscilação de um campo) interferem umas
com as outras e consigo próprias, desde que estejam relacionadas ao mesmo campo
ou campos relacionados. As ondas sonoras, interferem entre si de uma maneira
aritmética muito fácil de entender.
O
mapa À DIREITA dá algumas ideias da relação que existe
entre o registo tonal de vários naipes de instrumentos que, embora operando
dentro da mesma tonalidade, produzem sons totalmente diferentes.
A SUBJECTIVIDADE
DO SOM
Se uma árvore cai na floresta e não está lá ninguém para a
ouvir, faz barulho?

Gostaria de sugerir que não se deve chamar som à percepção cerebral que
geralmente é formada pela percepção da chamada vibração transversal do meio
(seja líquido, sólido ou gasoso).
E
apoio minha sugestão em duas base que passo a explicar:
Primeiramente, demonstrando que a percepção cerebral do som pode ocorrer sem que
nenhum som seja produzido.
Quando sonhamos, por exemplo, o cérebro ouve muitas coisas sem que ocorram os
correspondentes sons e sem que essa vibração atinja o aparelho auditivo.
Ergo, a percepção do som é uma coisa do cérebro que pode ser ou não o resultado
da ocorrência de som correspondente.
“Segundamente”,
muitas vezes, sabemos que ocorre som, mesmo quando não o ouvimos.
Como provo que o som existe quando ninguém escuta? Fácil: quando eu gravo.
Quando deixamos um gravador ligado por esquecimento, este grava uma carrada de
sons e ninguém estava lá para os ouvir. Ao gravar, esse som deixa os seus
rastros (ou pegadas) num meio diferente que permite reproduzi-lo mais tarde,
provando que ele existia mesmo quando ninguém estava ouvindo.
Da
mesma maneira que podemos provar que houve incêndio na floresta depois que a
floresta foi queimada. Não vimos a luz, não sentimos o calor, não sentimos o
cheiro da fumaça e não ouvimos o crepitar, mas o fogo existia e deixou as provas
disso.
E
melhor ainda: não foi uma ilusão, porque uma ilusão não teria deixado a floresta
queimada.
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Eric Sanman from
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Gravação e distribuição de
música em formato DIGITAL
A tecnologia continuará evoluindo, no
futuro?
Ou estamos num estágio em que já não é preciso
melhorar a qualidade da gravação/reprodução?
Previsão não é o meu desporto favorito. Não faço
muitas previsões desse tipo, mas apanho-me a acertar no alvo algumas vezes. Por
isso vou tentar.
Para prever o futuro, precisamos verificar
o passado desta e de outras tecnologias semelhantes. O que vimos é que, quando
este tipo de tecnologia
evolui além dos limites da percepção humana comum, é geralmente seguida por uma
queda que muitas vezes fica abaixo do bom nível de qualidade. Exemplo: a busca
pelo melhor som alcançou a qualidade DVDA. Um sinal com 192KHz de resolução, com
24 bits dando uma amplitude de 144 dB, cobrindo toda a gama de frequências
(mesmo aquelas inaudíveis ao ouvido humano mais comum).
Como o equipamento é bastante caro, grande em
tamanho, consume energia aos pacotes e porque esse nível de qualidade não é
percebido pelo utilizador comum, muito em breve as pessoas recorreram aos
arquivos MP3, que são facilmente portáteis e facilmente reproduzidos em todos os
telefones pequenos. O MP3 é um formato de detalhe bastante baixo que nem abrange
as frequências mais altas que as pessoas comuns ouvem, mas funciona muito bem
para a música mais popular, que também é baixa em detalhes e tem amplitude
relativamente baixa.
Com
imagem e filmes, passou-se o mesmo. Com o poder da computação, aconteceu a mesma
coisa. Para continuar a vender computadores, os fabricantes veem-se obrigados a
estabelecer parcerias com as empresas de software, para que estas compliquem o
software a ponto de esgotar a capacidade computacional das máquinas existentes.
De outra forma ninguém vai comprar um computador novo quando o velho continua a
funcionar bem.
Para onde vamos daqui?
Acho que devemos levar em consideração o
fenômeno mais influente de nosso tempo: UM PLANETA SUPERPOPULADO.

Faltarão cada vez mais recursos que impedirão o
cidadão comum de adquirir dispositivos caros ou de alto consumo. Portanto,
veremos o crescimento do material barato para números incríveis e veremos o
material de qualidade continuando a evoluir para padrões ainda mais altos, mas
não alcançando as pessoas comuns. Portanto, testemunharemos o crescimento de
duas tendências diferentes (se não opostas):
1- O muito bom para muito poucos
2- A tecnologia económica (com qualidade justa)
para os 99,9% do mundo
Os 99,9% da população viverão em grandes
cidades, uma vida muito normalizada que será programada desde o nascimento,
limitando as circunstâncias de importância "vida e morte". Portanto, haverá
muito pouca escolha em comparação com a vida de hoje. O cidadão poderá escolher
a cor do seu telefone, mas não poderá viver sem um.

O seu chip ou outro meio indelével de
identificação (já em desenvolvimento), não permitirá que ele se furte ao
escrutínio das autoridades; portanto, as mesmas autoridades farão essas escolhas
por ele. E claro que o sistema vai impor as vacinas necessárias, remédios para
mantê-lo apto para o trabalho, pílulas para dormir e outros remédios para
mantê-lo acordado (exatamente no horário de trabalho), o seu equipamento
musical, a sua TV, o seu carro, a sua casa.
E trabalharão com a intensidade e a velocidade
imposta pelo sistema.

Pelas razões acima expostas e por todas as
outras sobre as quais não escrevo por falta de tempo, o seu equipamento musical
será bastante padrão e muito semelhante ao MP3 atual, apenas muito, muito, muito
mais regulamentado.
Um exemplo muito típico é a Citizen Band (rádio
Am). Era um universo livre há 20 anos. Atualmente, é regulado até o tutano e é
minuciosamente examinado pelas autoridades que ouvem cada palavra dita, por
computadores que compilam conversas, criam perfis e os monitoram (tal como na
Internet).
Outro exemplo que considerei são os automóveis: agora eles já
são monitorados electronicamente por “drones” e câmaras de vídeo em toda a
parte.
O cidadão tem sua velocidade controlada em quase todos os lugares, a sua rota é
recalculada on-line pelo seu “satnav” e você é obrigado a seguir a rota que o
“satnav” calculou como mais rápida. Em breve, o cidadão será forçado a seguir as
instruções do satélite, caso contrário, perderá a ajuda do computador e dentro
de alguns anos isso não será possível, pois sua companhia de seguros, seu
gabinete ambiental, as Finanças e o gabinete de impostos rodoviários cobrarão
pesadamente por cada uma dessas infracções.
E você sente-se bem, por isso não reclame.
Apenas veteranos como eu preferem conduzir
carros manuais, tomar a rota panorâmica, ter uma sala de áudio com 1000 quilos
de equipamento, 92 instrumentos musicais acústicos e ainda ouvir a Carmina
Burana de Carl Orf em disco de vinil, no sábado à noite, a acompanhar um “James
Martin’s Royal Salute”.
xxx
Para evitar o desnecessário consumo de bits tão preciosos para os nossos
muitos projectos (filhos do nosso Grande Projecto de Divulgação Cultural),
solicitamos aos nossos estimados leitores e ouvintes, que se reencaminhem para o
nosso fórum, onde podem discutir, sugerir, colocar à apreciação ou criticar, os
mais variados temas.
Não somos esquisitos. São bem vindos todos os temas, embora seja um fórum
essencialmente vocacionado para comentar música ou outros temas culturais. Não
deixaremos de emitir as nossas mui doutas sentenças sobre quaisquer assuntos
sugeridos pelos nossos queridos leitores.
Nenhuns. O fórum está aberto (para não dizer escarranchado) a todos. Podem
mesmo colocar os vossos comentários como anónimos, ainda que gostássemos que
deixassem ficar um e.mail de contacto, sempre que possível.
O Fórum do Av ô Mokka
Aqui se fala de música e de som. Não é um
blog muito vivo, mas pode ter interesse para quem esteja a pensar em gravar
qualquer coisita de jeito.
FARPAS
FRESCAS:
As
Farpas do Avô Mokka
O velho blog
do avô mokka onde todos podem colocar as suas anedotas, piadas e pensamentos
humorísticos.
Actualizado com farpas fresquíssimas.
Controlado por este vosso criado.
FARPAS
MALCRIADONAS
-
O avô mokka decidiu que as piadas de
cariz sexual ou mesmo
malcriadas, também merecem o seu lugar. Pode ver aqui uma bela colecção
(de bom gosto, mas malcriadas). As pessoas bem formadas e de educação
refinada devem abster-se de seguir este link.
http://www.estudiosmokka-farpas.blogspot.com
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