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Vernizes

Por que é que os violinos não são envernizados por dentro?

A pergunta revela uma lógica invertida do pensamento. Se pensarmos do início para o fim, a dúvida mantém-se, mas a pergunta fica totalmente diferente:

-Por que são os violinos, envernizados por fora?

E essa é uma explicação muito mais longa.

Os primeiros instrumentos não eram envernizados, como podemos entender facilmente.

Esta kalimba africana (reprodução de um instrumento  antiquíssimo), só está envernizado porque eu quis dar-lhe mais alguma resistência ao uso.

 

 

A goma-laca é um material bastante antigo, mas instrumentos de corda, como os violinos e o alaúde, são ainda mais antigos.

Nos dias de hoje, muitos instrumentos de cordas ainda mantêm o tampo harmónico sem qualquer tipo de laca ou verniz. A razão pela qual os instrumentos de madeira começaram a usar laca do lado de fora foi para proteção e conserva.

Um copo de vinho pode facilmente danificar um instrumento caro. Um pouco de chuva pode fazer com que a madeira empene, ou até estale, principalmente nas juntas de colagem.

 

A descoloração da madeira não pode ser facilmente lavada sem a prejudicar e um tampo não envernizado/lacado rapidamente começará a desgastar-se devido à fricção das unhas, se o instrumento for usado para ritmo, por exemplo. Tenho experiência disso, pois uso muitos instrumentos de cordas com tampo não envernizados.

 

Por essas razões, os luthiers começaram a usar laca na parte externa dos instrumentos.

Na imitação que fiz de um alaúde (na realidade é uma guitarra de 12 cordas), fig. acima, usei tão pouca goma-laca que parece não ter nenhuma.

Primeiro apenas na parte de trás do braço, nas costas e nas laterais da caixa de ressonância. Isso foi bom porque evitou que o calor / humidade / frio do ambiente causasse empenos, flexões e quebras de cola na estrutura. Ao não usar laca no tampo harmónico, isso não interferiu quase nada na qualidade do som.

 Posteriormente, em instrumentos caros, os luthiers começaram a usar uma camada muito fina de goma-laca no tampo harmónico e descobriram que: se a camada é muito, muito fina, não causa uma perda perceptível na qualidade do som, ao mesmo tempo em que melhora a resistência de o instrumento muito.

Isso tornou-se importante, pois um instrumento rompido também perde qualidade sonora. Daí que se tenha tornado útil e costumeiro, dar uma fina camada de laca no tampo harmónico. Sempre por fora porque por dentro a caixa não é facilmente afectada pelos elementos acima referidos.

Por isso o envernizamento da parte interna do instrumento nunca foi considerado, já que essa não precisa dessa proteção.

O envernizamento com alto brilho usado nos instrumentos produzidos industrialmente é apenas para o aspecto (o bom gosto não está em discussão aqui).

Eu mesmo construí alguns instrumentos com alto brilho, como este aqui à direita. e a pochete, aqui à esquerda.

O brilho intenso não ajuda a produzir um som agradável. Na verdade, ele substitui a reverberação da madeira pela reverberação do poliuretano. Mas isso não é importante em termos de negócio. Muitos instrumentos carregam muitas decorações que realmente pioram o som, mas ajudam a vender. E um bom intérprete sabe que quando ele sobe ao palco, é melhor usar um instrumento chamativo (relegando a qualidade pare um segundo plano, muotas vezes).

Microfones, processamento de efeitos de amplificadores, mudam o som natural muito mais do que as decorações do violão (ou do violino).

E os bons luthiers continuam a usar a “camada muito fina de laca de goma-laca” nos seus violinos, bem como noutros refinados instrumentos de madeira feitos à mão.

Um violino Stradivari, por exemplo, tem uma camada tão fina de laca que até parece que não tem verniz algum.

 

Gourmet

Gourmet,

Percebo uma curiosidade na evolução do mundo tecnológico e tecnocrático. Sabemos que as sociedades não evoluem sempre na mesma direcção. Nos tempos que correm, assistimos a uma evolução que mudou de direcção e isso parece-nos estranho.

Até há uns 50 anos atrás, a sociedade evoluía em função do desenvolvimento económico dos países, muito em função da riqueza das populações, o que lhes permitia ter acesso a informação e por isso eram “geralmente” mais cultas quanto mais abastadas. Foi sendo assim durante uns 400 anos.

Agora entra um novo fenómeno em campo: o excesso de informação.

A informação é tão barata que toda a gente vai aos jornais, televisão e à “net” e encontra de TUDO.

 Esquecemos muitas vezes que, como qualquer chouriço coloca aí informação, a tendência é que a maioria da informação seja incorrecta, irresponsável, irracional, infundada (muito à semelhança de quem lá a coloca).

Esquecemos muito que os idiotas agora vestem elegantemente e que as peixeiras, lavadeiras, gaspeadeiras, vão ao salão de estética, são lindíssimas e indistintas de uma qualquer intelectual. Muitas delas são locutoras de TV e têm os seus próprios “talk shows” (em português: programas da treta), ganham bastante dinheiro e têm muito melhor aspecto que as (poucas) princesas que ainda existem.

Daí que toda a mesquinhice, estupidez, subserviência, bestialidade, cegueira mental, etc. nos entre pela porta dentro porque nós estamos habituados a fugir dos mal-parecidos (tipo Agostinho da Silva) e acolhermos “bibelots” bem enfeitados (tipo Shakira).

Não estou aqui a julgar ninguém nem pretendo ser pejorativo. Todos têm o seu valor próprio. O nosso instinto é que nos desorienta na escolha que, por vezes, fazemos.

O fenómeno “gourmet” alimenta-se desse defeito de julgamento.

Na verdade, ao lado de excelentes "chefes de cozinha" (estou a lembrar-me do nosso amigo António Cavaco, da TV Açores, ou do ), aparecem muitos “chefs” na televisão (principalmente nos canais americanos, não sei porquê), que não fazem muita diferença de um qualquer mixordeiro de uma caserna militar de 1914, para além da farda e o trem de cozinha. E talvez com desvantagem para o “chef” que não possui a educação elementar do cozinheiro de 1914.

No dia em que o Mestre Lindolfo, colocar uma colher de chá das suas “Papas de S. Miguel”, ou do seu “Pernil de Porco”, ou dos seus “Jaquinzinhos”, “Sapateira Recheada”, “Arroz de Cabidela”, do seu “Galo com Batatinhas assadas” ou as suas “Fitas de Carpinteiro”, no meio de um prato de 60cm de diâmetro com um fio de azeite do Continente: aí, cuidado. O mundo estará perdido.

     

Mas enquanto ele e outros continuarem a servir a comida, de dentro da panela para o prato do cliente, com a elegância natural de quem sabe o que faz e sem se preocupar com o “politicamente correcto”, por um preço normal (ainda por cima)… – Aí, percebemos que, como sempre, temos apenas de ter algum cuidado extra para escolher entre o bom e o fraco.

Como tal, a situação é ridícula, mas não é grave.

 

 

Considerações

O que poderia ser chamado de música má?

Obviamente, “má” não é a melhor definição, porque seria muito difícil (se de todo possível) para a música produzir algo mau. O que geralmente queremos dizer é "má qualidade". E aí podemos ter que fazer uma distinção de qualidade independente do gosto pessoal.

Na maioria das vezes, podemos fazer distinções muito bem definidas entre boa e má qualidade quando se trata de uma obra de arte.

É claro que há exceções, mas mais no nível em que o marketing e a publicidade assumem o controlo. Apreciadores de arte sérios não são movidos pela popularidade.
 

Portanto, devemos concluir que, de facto, existe música de má qualidade. E existe em todos os lugares e é muito popular e geralmente bem aceite. Isto é comum a todas as formas de arte, não apenas à música, evidentemente.

 

Chamar a uma pedra ao alto de "escultura" é disparate e todos o reconhecem. Mesmo que o artista seja um escultor reconhecido e tenha uma intenção muito profunda de nos dizer algo, o facto é que uma pedra ao alto é comum, existe por toda parte sem intervenção humana e não nos diz nada além do que nos diz qualquer outra pedra ao alto.

Como tal, ao ser classificada como obra de arte, constitui-se como uma obra de arte de má qualidade.

 

Do mesmo modo, uma peça musical que contém os “clichês” habituais, sem nada de novo, ou uma peça musical criada por um programa de computador, não vale nada. Qualquer um pode fazer isso a qualquer momento, mesmo sem qualquer conhecimento musical.

Posso provar isso? -Sim. Eu já fiz. Compus e gravei um CD completo, no meu horário de almoço, misturando amostras escolhidas aleatoriamente pelo meu filho de 6 anos, usando um aplicativo freeware em Windows95. Parece o mesmo que qualquer outro hit de Nova York daquela época, ou até mesmo dos nossos dias.

 

A música para as massas precisa de ser assim: fácil, relaxada, com uma batida forte (quase no mesmo ritmo que o coração bate numa festa na discoteca) e acompanhada de elementos visuais (o show). O público está ansioso para esquecer a monotonia de um dia de trabalho e aspira por um bocado de lazer sem nada criativo para fazer.

O público está na maioria das vezes sob a leve (às vezes mais pesada que outras) influência de drogas ou bebidas (ou tentando sentir-se como se estivesse) e como tal, não quer ter de pensar. A multidão festiva visa alcançar uma abençoada paralisia cerebral.

Este género música precisa de ser automático, para não despertar sentimentos fortes.

E é da maior importância que o artista (geralmente identificado incorretamente como "o autor") e as pessoas ao seu redor sejam chamativas, geralmente aceites como génios excêntricos por seus pares, a fim de validar a apreciação da multidão. Afinal, não há problema em ser medíocre, desde que todos os outros se comportem como medíocres.

 

Muitas vezes nem é preciso música. É perfeitamente suficiente que o artista se mostre com roupas ridículas, de preferência parecendo semi-alienado, sem inteligência (muito importante), mostrando ser muito rico e de mentalidade pouco activa. É um sucesso sem necessidade de música.

Mas o facto é que o fenómeno descrito acima não é arte (nem nada parecido). É mais próximo de um fenómeno desportivo, no máximo. Então, se se trata de uma obra musical, é música de má qualidade.

     

Nota de rodapé: usei o exemplo da atual tendência musical de massas em Nova York, mas o mesmo acontece em todos os lugares e sempre aconteceu (não há nada de novo nisso). Eu escolhi apenas este exemplo porque provavelmente é mais fácil de identificar pelo leitor.

 

Violoncelo de António Stradivari

 

Origem / Historial: O 'Chevillard-Rei de Portugal' trata-se de uma das joias da coroa do espólio do Museu Nacional da Música, pertenceu ao Rei D. Luís I (1838-1889) e é o único instrumento em Portugal com a assinatura do construtor António Stradivari (1644-1737).

Este instrumento pertenceu ao violoncelista belga Pierre Chevillard (1811-1877), que manteve o instrumento musical até à sua morte. Pouco tempo depois e por intermédio da família de construtores Vuillame, o violoncelo passou para as mãos do monarca português.

Foi cedido ao Conservatório Nacional, por decreto de 5 de Agosto de 1937. Descrição: Cordofone com cavalete, com braço, friccionado com arco, quatro cordas, quatro cravelhas e aberturas acústicas em f, forma B.

Possui um tampo de duas metades em pinho de Flandres de veio largo; costilhas e costas de duas metades em ácer; filete duplo; cabeça em voluta de outro stradivarius.

 

O 'Chevillard-Rei de Portugal' tem a famosa forma B, utilizada por Stradivari durante o período de ouro do mestre italiano. Stradivari tinha 81 anos quando construiu este instrumento.

Violoncelo de António Stradivari (1644 - 1737) Cremona, Itália, 1725

Pinho de Flandres, ácer

Proveniência: Paços Reais  Museu Nacional da Música, Lisboa, inv. nº MM 47

Autor: Stradivari, António

Local de Execução: Itália- Cremona

Centro de Fabrico: Itália

Oficina / Fabricante: Cremona

Data: 1725 d.C.

Materiais: Pinho de Flandres, Ácer, ébano, metal

Dimensões (cm): altura: a=123; largura: l1=336;l2=233;l3=438; comprimento: C=1222;c=756;

 

PERGUNTAS CURIOSAS

Podemos trocar as cordas numa guitarra para tocar à canhota?

Não é assim tão simples, num guitarra folk.

Se falarmos de uma guitarra clássica, o corpo, o entalhe e a ponte são quase simétricos, portanto, não compromete muito.

E se não é uma guitarra de alta qualidade, é mesmo simétrica e pode-se mudar da direita para a esquerda sem problemas evidentes. Mais detalhes em: Artigos (aqui no menu da esquerda),

 

Mas numa guitarra de folk é uma questão muito diferente.

Uma guitarra de folk não é simétrica no interior da caixa (até esquecendo o chamado “cutaway”). Como a guitarra suporta muita tensão (proveniente das cordas de aço ou latão), os reforços dentro do corpo são diferentes de um lado e do outro. Ao trocar a posição das cordas, vai comprometer o som e a integridade do instrumento.

Se o leitor aprendeu a tocar guitarra da maneira errada, é melhor comprar uma guitarra feita de propósito para canhotos, se puder. Se você é canhoto e ainda não começou a aprender, não aprenda da maneira errada.

É um equívoco pensar que tocar guitarra tem alguma coisa que ver com o facto de ser canhoto ou destro a escrever. Não tem.

A gente escreve com uma mão apenas, mas tocamos com as duas mãos. E ninguém nunca descobriu qual é a mão que precisa ser mais hábil (a habilidade é igualmente necessária em ambas as mãos). Não importa se você é destro ou canhoto.

Muitos pianistas são canhotos. Muitos violinistas são canhotos. Muitos tocadores de trompete, gaita-de-foles ou flauta são canhotos. E não vemos nenhum teclado de piano invertido, gaita-de-foles invertida, flauta ou violino invertidos.

Se você é canhoto, conduz o mesmo carro que um destro e não se atrapalha com isso. Metade do mundo conduz automóvel com o volante à direita e o acelerador à direita também e os destros não se atrapalham nada com isso, nem os canhotos.

Só faz sentido definir a mão esquerda ou direita para as coisas que se fazem com apenas uma mão. Então você usa a mão que lhe dá mais jeito. Nas coisas em que você usa as duas mãos, é sempre melhor aprender da maneira como foram construídas para serem usadas.

Será sempre mais fácil.

 

 

A FÍSICA DO SOM

As ondas sonoras interferem ativamente com outras ondas sonoras ou isso é apenas uma diferença na percepção?


 

Geralmente pensamos nas ondas sonoras como uma onda muito limpa com uma frequência, etc, etc, etc.

Pensamos o mesmo com as ondas eletromagnéticas: pensamos numa onda de luz com uma dada frequência e amplitude.

Nenhum deles é assim. Na natureza, tanto o som quanto a luz, são uma mistura de milhares de comprimentos de onda e amplitudes, todos entrelaçados.

 

Som e luz são coisas totalmente diferentes, mas como ambos são a medida da oscilação em um campo, podemos usar uma matemática muito semelhante para operar com ambos.

Por exemplo: de todas estas muito complexas vibrações, cujo gráfico aparece na imagem da esquerda, vão ser misturadas num único feixe de som. Estas vibrações não vão transformar-se numa só. Elas vão-se misturar e coexistir no feixe sonoro resultante.

Esse feixe sonoro será ainda mais complexo e não conterá uma frequência e uma amplitude, Conterá biliões delas. E o nosso ouvido vai encontrá-las todas. E o nosso cérebro vai entender a concordância entre elas (harmonia) e vamos perceber uma sequência de frequências dominante a que chamaremos as notas de música, os acordes, as progressões e a tonalidade.

 

 


Somos sempre atingidos por uma infinidade de ondas diferentes e percebemos uma composição de milhares de ondas ao mesmo tempo como sendo uma. E elas interferem umas com as outras, de maneira muito matemática, resultando num comprimento de onda "dominante" que é o que nós podemos identificar.

Exemplo: um Lá (identificado habitualmente por ser uma oscilação de 440Hz) tocado em um piano é composto por milhares de oscilações nas quais a maioria são múltiplos de 440Hz e muitas outras. Essas oscilações juntas resultam na percepção de uma oscilação dominante de 440Hz.

Se o Lá for de um violino, também identificado habitualmente por ser uma oscilação de 440Hz, também é composto por milhares de oscilações nas quais a maioria são múltiplos de 440Hz e muitas outras. Também resultam na percepção de uma oscilação dominante de 440Hz. Mas trata-se de um som completamente diferente (visto que se trata de uma diferente mistura de ondas que interferem de maneira diferente embora com o mesmo resultado tonal).

Conclusão: SIM, todas as ondas (medida da oscilação de um campo) interferem umas com as outras e consigo próprias, desde que estejam relacionadas ao mesmo campo ou campos relacionados. As ondas sonoras, interferem entre si de uma maneira aritmética muito fácil de entender.

 

O mapa À DIREITA dá algumas ideias da relação que existe entre o registo tonal de vários naipes de instrumentos que, embora operando dentro da mesma tonalidade, produzem sons totalmente diferentes.


 


 


 

 

 

 

A SUBJECTIVIDADE DO SOM

 

Se uma árvore cai na floresta e não está lá ninguém para a ouvir, faz barulho?


Gostaria de sugerir que não se deve chamar som à percepção cerebral que geralmente é formada pela percepção da chamada vibração transversal do meio (seja líquido, sólido ou gasoso).

E apoio minha sugestão em duas base que passo a explicar:

Primeiramente, demonstrando que a percepção cerebral do som pode ocorrer sem que nenhum som seja produzido.

Quando sonhamos, por exemplo, o cérebro ouve muitas coisas sem que ocorram os correspondentes sons e sem que essa vibração atinja o aparelho auditivo.

Ergo, a percepção do som é uma coisa do cérebro que pode ser ou não o resultado da ocorrência de som correspondente.


 

Segundamente”, muitas vezes, sabemos que ocorre som, mesmo quando não o ouvimos.

Como provo que o som existe quando ninguém escuta? Fácil: quando eu gravo.

Quando deixamos um gravador ligado por esquecimento, este grava uma carrada de sons e ninguém estava lá para os ouvir. Ao gravar, esse som deixa os seus rastros (ou pegadas) num meio diferente que permite reproduzi-lo mais tarde, provando que ele existia mesmo quando ninguém estava ouvindo.

Da mesma maneira que podemos provar que houve incêndio na floresta depois que a floresta foi queimada. Não vimos a luz, não sentimos o calor, não sentimos o cheiro da fumaça e não ouvimos o crepitar, mas o fogo existia e deixou as provas disso.


 

E melhor ainda: não foi uma ilusão, porque uma ilusão não teria deixado a floresta queimada.

Photo by Eric Sanman from Pexels


 

 

 

Gravação e distribuição de música em formato DIGITAL

 

A tecnologia continuará evoluindo, no futuro?

Ou estamos num estágio em que já não é preciso melhorar a qualidade da gravação/reprodução?

 

Previsão não é o meu desporto favorito. Não faço muitas previsões desse tipo, mas apanho-me a acertar no alvo algumas vezes. Por isso vou tentar.

 Para prever o futuro, precisamos verificar o passado desta e de outras tecnologias semelhantes. O que vimos é que, quando este tipo de tecnologia evolui além dos limites da percepção humana comum, é geralmente seguida por uma queda que muitas vezes fica abaixo do bom nível de qualidade. Exemplo: a busca pelo melhor som alcançou a qualidade DVDA. Um sinal com 192KHz de resolução, com 24 bits dando uma amplitude de 144 dB, cobrindo toda a gama de frequências (mesmo aquelas inaudíveis ao ouvido humano mais comum).

Como o equipamento é bastante caro, grande em tamanho, consume energia aos pacotes e porque esse nível de qualidade não é percebido pelo utilizador comum, muito em breve as pessoas recorreram aos arquivos MP3, que são facilmente portáteis e facilmente reproduzidos em todos os telefones pequenos. O MP3 é um formato de detalhe bastante baixo que nem abrange as frequências mais altas que as pessoas comuns ouvem, mas funciona muito bem para a música mais popular, que também é baixa em detalhes e tem amplitude relativamente baixa.

Com imagem e filmes, passou-se o mesmo. Com o poder da computação, aconteceu a mesma coisa. Para continuar a vender computadores, os fabricantes veem-se obrigados a estabelecer parcerias com as empresas de software, para que estas compliquem o software a ponto de esgotar a capacidade computacional das máquinas existentes. De outra forma ninguém vai comprar um computador novo quando o velho continua a funcionar bem.

Para onde vamos daqui?

Acho que devemos levar em consideração o fenômeno mais influente de nosso tempo: UM PLANETA SUPERPOPULADO.

Faltarão cada vez mais recursos que impedirão o cidadão comum de adquirir dispositivos caros ou de alto consumo. Portanto, veremos o crescimento do material barato para números incríveis e veremos o material de qualidade continuando a evoluir para padrões ainda mais altos, mas não alcançando as pessoas comuns. Portanto, testemunharemos o crescimento de duas tendências diferentes (se não opostas):

1- O muito bom para muito poucos

2- A tecnologia económica (com qualidade justa) para os 99,9% do mundo

Os 99,9% da população viverão em grandes cidades, uma vida muito normalizada que será programada desde o nascimento, limitando as circunstâncias de importância "vida e morte". Portanto, haverá muito pouca escolha em comparação com a vida de hoje. O cidadão poderá escolher a cor do seu telefone, mas não poderá viver sem um.

O seu chip ou outro meio indelével de identificação (já em desenvolvimento), não permitirá que ele se furte ao escrutínio das autoridades; portanto, as mesmas autoridades farão essas escolhas por ele. E claro que o sistema vai impor as vacinas necessárias, remédios para mantê-lo apto para o trabalho, pílulas para dormir e outros remédios para mantê-lo acordado (exatamente no horário de trabalho), o seu equipamento musical, a sua TV, o seu carro, a sua casa.

E trabalharão com a intensidade e a velocidade imposta pelo sistema.

Pelas razões acima expostas e por todas as outras sobre as quais não escrevo por falta de tempo, o seu equipamento musical será bastante padrão e muito semelhante ao MP3 atual, apenas muito, muito, muito mais regulamentado.

Um exemplo muito típico é a Citizen Band (rádio Am). Era um universo livre há 20 anos. Atualmente, é regulado até o tutano e é minuciosamente examinado pelas autoridades que ouvem cada palavra dita, por computadores que compilam conversas, criam perfis e os monitoram (tal como na Internet).

Outro exemplo que considerei são os automóveis: agora eles já são monitorados electronicamente por “drones” e câmaras de vídeo em toda a parte. O cidadão tem sua velocidade controlada em quase todos os lugares, a sua rota é recalculada on-line pelo seu “satnav” e você é obrigado a seguir a rota que o “satnav” calculou como mais rápida. Em breve, o cidadão será forçado a seguir as instruções do satélite, caso contrário, perderá a ajuda do computador e dentro de alguns anos isso não será possível, pois sua companhia de seguros, seu gabinete ambiental, as Finanças e o gabinete de impostos rodoviários cobrarão pesadamente por cada uma dessas infracções.

E você sente-se bem, por isso não reclame.

Apenas veteranos como eu preferem conduzir carros manuais, tomar a rota panorâmica, ter uma sala de áudio com 1000 quilos de equipamento, 92 instrumentos musicais acústicos e ainda ouvir a Carmina Burana de Carl Orf em disco de vinil, no sábado à noite, a acompanhar um “James Martin’s Royal Salute”.

xxx

 

 

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