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os TROVAS À TÔA (com acento circunflexo)
Breve Historial
(se não está
interessado, pode escolher outro dos interessantíssimos assuntos que trazemos ao
seu conhecimento. Como? - Pois voltando à página inicial (Home) e clicando numa opção de menu, caro leitor.)
Antes de outras considerações de carácter artístico, convirá
posicionar geograficamente o grupo. O Trovas à Tôa tem sede entre as
regiões vinícolas da Bairrada e do Douro. Andamos a maior parte do tempo na
região de Cesar indicada na fotografia e melhor explicada neste mapa da Sogrape
(clicar em cima para ver em tamanho grande).
Os elementos que constituem esta banda, vivem todos dentro da
área geográfica conhecida historicamente pelo nome de “Terras de Santa Maria”,
noutros tempos dentro da jurisdição do Mosteiro de Arouca e sob a protecção
armada dos condes do castelo da Feira.
Esta
região de agricultores e pastores tem uma cultura musical e coreográfica muito
rica, dada a sua importância administrativa desde os primórdios da
nacionalidade. É de notar que a vila de Cesar foi inicialmente chamada Villa
Cesari por ser suposto ter sido posto de paragem das tropas de César quando da
conquista da região conhecida então por Lusitânia (isto, há coisa de 1800 anos).
Sendo uma região costeira, cedo se desenvolveu e começou a receber
influências das mais diversas regiões, quer do nosso país quer dos muitos povos
que tentaram colher os frutos desta sumarenta fatia da Península Ibérica, muito
antes da constituição da nacionalidade pelo saudoso Afonso Henriques. A região
das Terras de Santa Maria, mencionada em manuscrito do séc. X como “Civitas
Sanctae Mariae”, comporta as terras dos concelhos de Vale de Cambra, Arouca,
Oliveira de Azemeis, S. João da Madeira e Santa Maria da Feira. Da história
destas terras se falará mais adiante.
Nado
de mais uma louvável iniciativa da Federação das Colectividades da Feira, o
Trovas à Tôa é um grupo de gente jovem (entre os dezoito e os sessenta anos) e
que prima pelo bom gosto. A maioria dos elementos do grupo conheceram-se no
curso de instrumentos tradicionais que todos os anos tem lugar no concelho da
Feira e começaram desde aí a desenvolver um vasto repertório inicialmente
destinado à auto-recriação e enriquecimento das capacidades musicais dos seu
elementos.
Com este fim, efectuou-se um profundo estudo sobre os hábito
alimentares da nossa região sendo percorrendo-se, com esse propósito, todo um
roteiro gastronómico que durou dois anos. Facilmente equiparado ao grande
movimento dos descobrimentos portugueses do século XV, esta descoberta dos
sabores e dos sons da região, levaram as capacidades harmónicas do Trovas à Tôa
além das próprias fronteiras das Terras de Santa Maria.
Com
um empurrão da recentemente constituída associação independente do “Grupo de
Danças e Cantares Regionais da Feira” (que desenvolve um válido trabalho
etnográfico desde há vinte e cinco anos) o Trovas à Tôa apresenta-se como grupo
de música tradicional completo num trabalho do INATEL e nunca, a partir daí, as
coisas foram as mesmas. Estávamos nós no longínquo ano 2000 (se me não falha a
memória, que é uma das coisas que ainda me vai falhando). Podemos vê-los em
parada, num dos primeiros concertos, em 25 de Abril desse mesmo ano da Graça de
2000.
Contexto Histórico
(- Ah pois! Não brincamos!
Nem andamos aqui ao acaso).
Um dos elementos históricos mais característico s das Terras
de Santa Maria é, sem dúvida, o Mosteiro de Arouca. Arouca, capital espiritual
da região, foi fundada por Caius Julius César, corria o ano 34 A.C. E foi-lhe
concedido foral por D. Afonso Henriques em 1.151.
Fundada
por volta da mesma data, Villa Cesari, agora conhecida por uma corruptela do
nome do fundador (Cesar), é a freguesia aonde vivem cinco dos nove elementos do
Trovas à Tôa. Bem perto, na freguesia de Romariz, um castro pré-romano diz da
antiguidade destes povos e autoriza-nos a tratar (como modestos bardos que
somos) as nossas raízes célticas com um pouco dessa cultura tão rica em temas
musicais, coreográficos e narrativos.
Mais
para os lados do oceano atlântico, situa-se a cidade de Santa Maria da Feira e
um dos mais belos burgos da região.
O
seu castelo medieval em excelente estado de conservação, os belos espaços verdes
e bem tratados jardins, fazem esta terra (que em documento de D. Teresa, datado
de 1117 é referida como “Terra de Santa Maria onde chamam Feira”) merecedora de
algumas linhas da nossa prosa. O castelo da Feira, reedificado no séc. XI a
partir de uma antiga abadia pré-existente. O aspecto actual data das grandes
obras efectuadas no séc. XV.
O Nosso
Contexto Musical
(talhado no decurso de elaborados exercícios gastronómicos).
Assumida que foi a nossa impaciência e falta de vocação para
perfilar nos mais altos anais da arte erudita, trocamos a pauta e a precisa
execução clássica pela orelha e pelo entusiasmo apaixonado da improvisação
popular, a batuta do maestro pelo coração do povo e o metrónomo pelo alegre
pulsar das gentes simples com quem aprendemos o sabor da vida sem temperos
importados. A música tradicional, tocamo-la tal qual respiramos, brincamos e
amamos: umas vezes melhor, outras vezes pior. Nunca menos melhor que o que
possamos. E se, amanhã, o meu amigo(a) se levantar pela fresca da manhã e lhe
apetecer trautear uma destas nossas cantigas, ficamos pagos (tempo, esforço,
calos e cordas partidas).
O Nosso
Patrono (isto é
que é organização!...).
Como
qualquer instituição tradicional que se preze, o Trovas à Tôa tem um patrono ao
qual sempre recorre em momentos de aflição, fome, catástrofe natural ou falta de
vinho. S. Macário, na ponta mais distante da nossa região, no coração da Serra
de Arada é o santo da nossa devoção.
Um dos últimos grandes arraiais populares da Europa a 31 de
Julho, aonde se pode provar um gostosinho a antiguidade (pela total falta de
infra-estruturas tais como: abrigo, electricidade, água canalizada, papel
higiénico e outras características próprias da época em que vivemos).
Os
Nossos Instrumentos
(aqui não há CDs, nem
play-backs, nem agentes, nem bailarinas mamalhudas.)
Tocamos com o que podemos, mas levamos a qualidade
a sério. Os instrumentos do Trovas à Tôa são todos de excelente qualidade
sonora. Violas (braguesas e campaniça), banjo, bandolins e cavaquinhos
construídos à mão na oficina do conhecido violeiro de Tebosa: Domingos Machado e
seu filho Alfredo Machado. Uma oficina onde o elemento de tecnologia mais
sofisticado é uma serra de recortes movida a pedal e de onde os instrumentos
saem das mãos do artesão (sem metáfora). Mais detalhes sobre Domingos Machado e
o seu Museu (particular) de Cordofones podem ser encontrados nas páginas de
arquivo dos Estúdios Mokka.
Já os violinos, gaitas-de-beiços, adufe, bombos,
gaita-de-foles, flauta de “biesel”, guitarra de “folk” e guitarra clássica,
foram conseguidos através das mais variadas fontes, desde “luthiers”
estrangeiros até àqueles que foram comprados partidos em feiras de velharias e
depois recuperados pelo Avô Fernando (avô mokka, para vossências).
Aqui deixamos exemplos de alguns dos instrumentos mais
representativos da colecção do Avô Mokka. Resta mencionar os 9 cavaquinhos
feitos por medida e por encomenda pelo Sr.Domingos Machado mais as guitarras
clássicas e de folk, violas braguesas, banjos e bandolins dos restantes membros
do grupo e que não estão aqui incluídas, de momento por não termos fotografias
disponíveis.

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